quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Senna (2010)
Senna, o ícone, pode ser resumido em uma sentença: 17 anos e eu ainda torço para que ele faça aquela curva.
Senna, o filme, acerta ao não se transformar numa sucessão de vídeos de infância ou melhores momentos de corridas. As imagens de Grandes Prêmios aparecem em profusão, claro, mas o filme começa já em 1984, com Ayrton estreando pela nanométrica Toleman.
Nem quinze minutos depois já estamos em 1988, mas isso não quer dizer que o filme seja corrido (tudum-tsssss). Ao contrário, já que isso permite que tenhamos o máximo de tempo de tela mostrando os anos de Senna na McLaren, sua crescente rivalidade com Alain Prost e sua transformação em herói nacional.
E justamente por lidar com um herói - aliás, foi isso que levou o diretor britânico Asif Kapadua a se interessar pelo projeto - o longa não escapa daquele endeusamento quase inevitável em cinebiografias. Afinal, qualquer um que tenha acompanhado a Fórmula 1 na época retratada sabe que Prost não era o vilão de desenho animado que vemos na tela - ainda que não fosse exatamente querido por brasileiros e japoneses.
O outro grande antagonista na vida de Senna - o então presidente da FIA, Jean-Marie Balestre - serve como mote para a segunda metade do filme, quando o campeonato de 1989, perdido devido a uma polêmica desclassificação, traz à tona a insatisfação do piloto com a politicagem que governava e governa a Fórmula 1.
Essa insatisfação quase fez com que Ayrton abandonasse a carreira, mas justificando que "não podia parar" o piloto seguiu nas pistas. E se vingou de Prost no ano seguinte, ganhando o título mundial numa manobra muito semelhante. Sempre impelido conquistou mais um campeonato, venceu no Brasil com uma única marcha no câmbio do carro...OK, todos conhecemos esta história, mas é incrível como ela ainda é emocionante. E como Kadafua consegue contá-la sem cair nos clihcês.
A síntese maior de quem foi Ayrton Senna, ironicamente, supera até mesmo o lendário GP do Japão de 1988, em que de pole position foi para o último lugar do grid - e de lá para a vitória. Trata-se de um trecho mostrado apenas durante os créditos, na qual o campeão para o carro e desce para socorrer um colega acidentado. Talvez tenham deixado essa cena para o final para corroborar tudo que vimos e revivemos na tela. E funciona.
PS: Uma pena que o projeto com Antonio Banderas interpretando Ayrton não tenha sido produzido. Como Hollywood se tornou especialista em desenterrar ideias, eis minha sugestão caso resolvam retomá-lo: esperem mais cinco anos e contratem James Franco.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário