domingo, 24 de julho de 2011

Scott Pilgrim contra o Mundo (Scott Pilgrim vs. the World, EUA, 2010)



Scott Pilgrim (Michael Cera) ainda sofre pelo fim de um namoro que já data de um ano atrás. Desempregado, ele divide uma casa e um colchonete com seu amigo gay Wallace Wells (Kieran Culkin) e tenta se reencontrar ensaiando com sua banda e tendo um pseudonamoro com Knives Chau (Ellen Wong), uma colegial chinesa obcecada por ele.

Nem isso parece suficiente para animar Scott, mas isso muda quando ele conhece Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), entregadora da Amazon de cabelos coloridos por quem ele prontamente se apaixona. Sair com esta garota, porém, não será a tarefa mais simples do mundo. Menos porque Scott não encontra meios de terminar com Knives e mais porque, para poder namorar com Ramona, Scott terá que derrotar os sete ex-namorados malignos da moça - e no caminho, quem sabe, acertar as contas consigo próprio e corrigir seus erros.

O mais interessante disso tudo é que, por trás da viagem com um quê de videogame criada por Bryan Lee O'Mailey, o diretor Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto) cria uma grande história sobre relacionamentos. Claro, temos lutas divertidalhas e citações pop a rodo, mas o mais importante é ver como às vezes machucamos as pessoas mesmo sem querer, e como o melhor a fazer quando você gosta muito de alguém é deixar a pessoa buscar a própria felicidade - com ou sem você. Até cenas menores, como Scott e Knives jogando fliperama juntos, têm algo a dizer algo nesse sentido.

Claro que o filme não é perfeito - por vezes fica um pouco referencial demais, o que pode irritar alguns. Mas até por isso é ótimo para assistir com calma, pausando e voltando várias vezes. Talvez isso explique porque o filme se saiu melhor nas locadoras do que nos cinemas.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean - On Stranger Tides, EUA, 2011)


Recém-chegado a Londres, o capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) descobre que alguém está recrutando uma tripulação em seu nome. Decidido a aproveitar a farsa para tomar o navio do impostor, ele descobre se tratar de Angelica (Penélope Cruz), um amor mal resolvido de seu passado.

Jack e Angelica passarão o resto do filme entre tapas e beijos, claro, e logo decidem se unir para embarcar no navio do temível Barba Negra (Ian McShane) para tentar encontrar a Fonte da Juventude. Também em busca da Fonte está outro velho conhecido da série, o capitão Barbossa (Geoffrey Rush), que perdeu uma perna quando o Pérola Negra foi a pique e agora é um corsário a serviço secreto de Sua Majestade.

Depois da confusão que foram os dois últimos Piratas, nada como um roteiro mais enxuto e centrado no que todos querem ver - leia-se Jack Sparrow - para recolocar a franquia nos trilhos. OK, o filme tem mais de duas horas de duração, mas em nenhum momento se torna enrolado ou cansativo, mantendo um bom ritmo até o final.

E, por mais que tenha seus personagens e cenas dispensáveis (pessoalmente, eu podia passar sem o romance entre o missionário e a sereia), o quarto capítulo da série recupera o ritmo do original: é leve, divertido e direto. E ainda deixa um tremendo gancho para uma eventual quinta aventura.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Senna (2010)



Senna, o ícone, pode ser resumido em uma sentença: 17 anos e eu ainda torço para que ele faça aquela curva.

Senna, o filme, acerta ao não se transformar numa sucessão de vídeos de infância ou melhores momentos de corridas. As imagens de Grandes Prêmios aparecem em profusão, claro, mas o filme começa já em 1984, com Ayrton estreando pela nanométrica Toleman.

Nem quinze minutos depois já estamos em 1988, mas isso não quer dizer que o filme seja corrido (tudum-tsssss). Ao contrário, já que isso permite que tenhamos o máximo de tempo de tela mostrando os anos de Senna na McLaren, sua crescente rivalidade com Alain Prost e sua transformação em herói nacional.

E justamente por lidar com um herói - aliás, foi isso que levou o diretor britânico Asif Kapadua a se interessar pelo projeto - o longa não escapa daquele endeusamento quase inevitável em cinebiografias. Afinal, qualquer um que tenha acompanhado a Fórmula 1 na época retratada sabe que Prost não era o vilão de desenho animado que vemos na tela - ainda que não fosse exatamente querido por brasileiros e japoneses.

O outro grande antagonista na vida de Senna - o então presidente da FIA, Jean-Marie Balestre - serve como mote para a segunda metade do filme, quando o campeonato de 1989, perdido devido a uma polêmica desclassificação, traz à tona a insatisfação do piloto com a politicagem que governava e governa a Fórmula 1.

Essa insatisfação quase fez com que Ayrton abandonasse a carreira, mas justificando que "não podia parar" o piloto seguiu nas pistas. E se vingou de Prost no ano seguinte, ganhando o título mundial numa manobra muito semelhante. Sempre impelido conquistou mais um campeonato, venceu no Brasil com uma única marcha no câmbio do carro...OK, todos conhecemos esta história, mas é incrível como ela ainda é emocionante. E como Kadafua consegue contá-la sem cair nos clihcês.

A síntese maior de quem foi Ayrton Senna, ironicamente, supera até mesmo o lendário GP do Japão de 1988, em que de pole position foi para o último lugar do grid - e de lá para a vitória. Trata-se de um trecho mostrado apenas durante os créditos, na qual o campeão para o carro e desce para socorrer um colega acidentado. Talvez tenham deixado essa cena para o final para corroborar tudo que vimos e revivemos na tela. E funciona.

PS: Uma pena que o projeto com Antonio Banderas interpretando Ayrton não tenha sido produzido. Como Hollywood se tornou especialista em desenterrar ideias, eis minha sugestão caso resolvam retomá-lo: esperem mais cinco anos e contratem James Franco.