segunda-feira, 2 de novembro de 2009

WALL-E (2008)


Responda rápido: quando foi que a Pixar fez um filme ruim?

A resposta-padrão a essa pergunta é "nunca", ainda que alguns lembrem de um ou outro projeto que lhes desagradou. Mas não tem jeito: as produções do estúdio que por muito tempo carregou a Disney nas costas são sinônimo de clássicos instantâneos. E, se me permite, eles se superaram desta vez.

WALL-E se passa por volta do ano 2800, e conta a história de um adorável robozinho encarregado de limpar uma Terra tornada inabitável pelo excesso de sujeira acumulada ao longo dos séculos - mais em sintonia com estes dias ecologicamente corretos, impossível. Tendo uma amável barata (acredite) como fiel escudeira, nosso amável protagonista metálico passa os dias compactando lixo e recolhendo objetos, como cubos mágicos e talheres, numa espécie de memorial à humanidade.

Num belo dia, surge EVE, robô tão charmosa quando durona encarregada de vasculhar a superfície do planeta em busca de vida orgânica. Ao encontrar uma muda crescendo em meio ao grande deserto global, ela a recolhe e é chamada de volta à gigantesca estação espacial para onde a humanidade se mudou. Decidido a acompanhar a amada, WALL-E se infiltra na nave... e é aí que verdadeiramente começa sua aventura.

Enquanto WALL-E tenta reencontrar sua amada - e se torna uma espécie de líder dos demais robôs - o filme traz outra surpresa: séculos tendo tudo ao alcance das mãos transformaram a humanidade numa espécie obesa, acomodada em cadeiras flutuantes e interagindo apenas por software. Crítica sutil feito um brontossauro.

Felizmente, as desventuras de WALL-E a bordo da estação Axiom acabam despertando a humanidade de alguns passageiros...e do entediado capitão da nave, que resolve entrar na cruzada para levar todos de volta para casa.

O filme é tecnicamente primoroso (afinal, estamos falando da Pixar), quase fotorrealista em alguns momentos. Além disso, o roteiro inteligente surpreende desde as primeiras cenas, quando descobrimos que o que a princípio pareciam arranha-céus deteriorados na verdade são imensas pilhas de lixo compactado, e traz personagens surpreendentemente carismáticos.

Outro destaque são as várias boas longas cenas sem falas - o vôo espacial com um extintor de incêndio, as solitárias coletas de WALL-E e sua barata, o robozinho faxineiro, a onipresença de um conglomerado comercial que passou séculos poluindo a Terra e depois realizou sua evacuação. Filmaço, para parar o DVD e começar a reflexão.

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